terça-feira, 7 de setembro de 2010

Do Carmelo para o Horebe Um homem chamado Elias, como todos nós...


Do Carmelo para o Horebe


Leitura: I Reis 18 e 19



I REIS 18



Quantas vezes em nossa caminhada não deparamos com situações que trazem um impacto em nossas vidas, impacto esse que pode ou não mudar a nossa maneira de agir diante dos momentos de crise que passamos? E esta transformação depende de nossas escolhas.

Podemos aproveitar ou não o vento revés para chegarmos ao propósito determinado pelo Senhor; mas a escolha é nossa.

Na palavra de Deus vamos encontrar várias situações que muitas vezes se encaixam perfeitamente com nossa maneira de conduzir os nossos próprios atos diante das circunstâncias que nos rodeiam.

A nossa reação diante das provas poderá mudar todo trajeto de uma jornada nesse deserto grande e terrível que é a nossa bendita escola do aprendizado cristão!

Oxalá que esta reação esteja de acordo com a vontade de Deus, pois o Senhor é conhecedor dos nossos limites, e Ele não faz acepção de homem algum, seja profeta, rei ou qualquer outra pessoa na face da terra!

No texto Elias se depara com a situação dos profetas de Baal no monte Carmelo e depois segue o seu caminho para o monte Horebe em fuga.

A palavra “Carmelo” tem um nome muito peculiar: “lugar florido, campo fértil ou pomar de frutas”.




A experiência de Elias no Carmelo foi algo assombroso diante daqueles que foram testemunhas oculares do poder e glória do Senhor, pois um fogo devorador caiu do céu e tudo foi consumido.

Assim também acontece em nossa jornada cristã quando passamos por experiências similares onde o Senhor nos concede momentos de bonança e livramentos miraculosos; estes podem ser considerados o monte Carmelo, são os momentos do “lugar florido”.

Quando tudo corre bem somos audaciosos, corajosos, enfrentamos situações, não importa o que venha pela frente, basta tão somente o lugar estar florido, belo e com manifestação de poder. Até proclamamos “O Senhor está comigo, pois o meu jardim está florido, sinal de que Ele verdadeiramente está.”.

Sim! Verdadeiramente Ele está.

É quando ouvimos muitas das vezes em nossas experiências de batalha a famosa expressão “O Senhor está no barco, fique tranquilo!”.

Vejamos agora de outra perspectiva. E se o Senhor não estiver no barco, muda alguma coisa? Ele deixa de ser Deus? Deixa de ser soberano? A resposta de todo filho é enfática: Não!

Às vezes Ele pode estar na areia da praia e os discípulos passarem uma noite inteira no barco e, não pescarem nada; todavia Ele tem um braseiro sobre a areia da praia com um pequeno peixe sobre ele e um pequeno pedaço de pão. Ele é Senhor e Deus da provisão.

Ele é Senhor dentro ou fora do barco, Ele tem controle de tudo. Soberano

Ele permite gastarmos por completo nossa própria força, mesmo que tenha que ser por uma longa noite, mas quando começa despontar a luz da aurora, Ele surge, mesmo que tenhamos dificuldade de reconhecê-lo, Ele nos socorre e nos alimenta. Jo.21

Ele fez o mesmo com Jacó quando lutou com ele no vale.

Jacó era muito forte, tinha muita força em si mesmo, então foi necessário ferir a sua coxa, o músculo de maior resistência e força, e mais uma vez quando rompe a luz da aurora, aparece outro homem: já não é mais Jacó e sim Israel.

E nascia o sol, quando ele passou de Peniel (face de Deus); e coxeava de uma perna. Gen.32:31

Creio que toda vez que Jacó manquejasse daquela perna, com certeza lembraria aquela noite de luta no vale do Jaboque, e do quão forte ele era em si mesmo. Quanta estratégia, quanto engano, quanta força no velho homem, mas certamente lembraria também do seu novo nome: Israel.

Ao vencedor darei do maná escondido e lhe darei também uma pedra branca, e nesta pedra um novo nome escrito, o qual ninguém sabe senão quem o recebe. Apo. 2: 17

O Senhor precisa ferir a nossa própria força, para que reconhecendo a nossa fraqueza, possamos aprender a confiar e a depender totalmente Nele e Dele.

No entanto na experiência do Monte Carmelo, não se passa muito tempo, e Elias é ameaçado por Jezabel. E o que ele faz? Foge com medo, e ainda assim pede a morte sobre ele, uma atitude de fraqueza e com perdão da palavra, “covardia”.

Às vezes pensamos que é uma atitude espiritual pedir a morte, como mártires do próprio ego, tudo isso para fugir dos problemas; homens e mulheres em profunda depressão, a doença do século, ousam até dizer: “Gostaria tanto de estar contigo Senhor!”

Isto não passa de uma atitude covarde, uma fuga das provas, que o Senhor nos concede para podermos entrar no Seu reino.

O que nos falta é intimidade com o Senhor, leitura da palavra, oração, e confiança nas promessas do Senhor, não como aquelas famosas caixinhas de promessas que você só retira passagens de benções; precisamos também de todas as demais passagens, até mesmo as de tribulações.

confirmando as almas dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé e dizendo que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus. At.14:22

Então vemos nessa cena, mais uma vez o amor e a misericórdia do Senhor, quando em um braseiro Ele oferece provisão para Elias.

Sabemos que logo Elias segue o seu caminho e entra em sua caverna, justamente no Monte Horebe, o monte de Deus, que significa “lugar seco”. Ali ele passa uma noite.


Que contraste terrível e maravilhoso! Que mudança bela e crucial para a vida de Elias e para a vida de todo crente que deseja conhecer mais e mais o Deus do lugar seco:  experimentar passar de um lugar florido e em tão pouco tempo, com uma jornada de quarenta dias ser introduzido em um lugar seco e cheio de pedras, escondido em uma caverna.

Somente o Senhor conhece o tempo exato da nossa jornada. Ele sabe quando e onde devemos entrar na experiência do Horebe, e Ele sabe o momento de sair também.

Não existe o lugar com tantas flores, nem o fogo de Deus que consome tudo, como no Carmelo. Agora a visão é outra, é tudo aquilo que os olhos não desejam contemplar: desolação.

Quando pela misericórdia e graça do Senhor podemos contemplar a desolação frente aos nossos olhos, temos a oportunidade de experimentar em realidade o que verdadeiramente somos e no que realmente nos apegamos, e é neste momento que percebemos o quanto necessitamos aprender o caminho de cruz.



Não há mais a evidência do poder frente aos olhos; agora a visão é outra: tudo é seco, somente pedras. Agora podemos perceber que a nossa realidade é completamente diferente daquilo que pensamos ser, revelando o oculto  que está em nosso coração, para que o Senhor possa lograr em nós um coração segundo o Seu.

Lembrar-te-ás de todo o caminho pelo qual Jeová teu Deus te há conduzido estes quarenta anos no deserto, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos ou não.Deut.8:2

Contemplamos agora um homem que faz descer fogo do céu através da palavra que sai da sua boca escondido em uma caverna com temor, fugindo de Jezabel.

Elias foi um homem de Deus, e foi aquele que subiu em um carro de fogo para a presença do Senhor.

Esta passagem serve para nos ensinar o quão fraco e débil somos, e quanto precisamos aproveitar as lições que o Senhor reserva para nós.

Ali o Senhor o chama e lhe pergunta: Que fazes aqui Elias? Eis uma pergunta que muitas das vezes podemos ouvir em nossa própria experiência, quando buscamos socorro em outros meios.

Davi, no Salmo 11 proclama que: No Senhor confio. No entanto ele fala que como podia alguém aconselhar ele a fugir para o monte como um pássaro? Davi quer dizer com isso que ele não tem outro refúgio a não ser no Senhor.

Em Jeová me refugiei; Como dizeis à minha alma: Fugi, qual pássaro, para o vosso monte? Sal 11:1

Se confiamos, porque procuramos, diante das circunstâncias, fugir para um lugar  de segurança, que não seja o Senhor?



A GALINHA CHAMA OS SEUS PINTINHOS

Uma parte do aprendizado é saber que a galinha quer ajuntar os pintinhos debaixo das suas asas, mas isto não significa que ela sai atrás dos pintinhos um por um; apenas ela os chama e com presteza eles correm para debaixo das suas asas, para sua própria segurança.

E a nossa responsabilidade é escutar o chamado do Senhor e correr para debaixo das suas asas.

Somente as provas vão nos ensinar que é impossível que o fundamento seja destruído. Acaso fosse, o que poderia fazer o justo?

Quando os fundamentos forem destruídos, Que poderá fazer o justo? Sal. 11:3

O Senhor está em Seu trono, que é inabalável. Nada dentro ou fora do universo, pode mover o trono de Deus, pois justiça e juízo são a base do Seu trono. Sal 97:2

COMEÇA UMA CRIZE NA VIDA DE ELIAS


Então podemos ver aqui nesta cena que começa uma crise no ego de Elias, com uma resposta que nos surpreende, pelo fato de sermos tão parecidos diante das situações.

Diz Elias: “...somente “eu” e “eu” fiquei de profeta, esquecendo-se até dos 100 profetas que Obadias, o mordomo de Acabe escondeu em uma cova,  sustentando-os com pão e água.

Note que tanto o verso 10 como o 14 do cap. 19 de I Reis são idênticos, a mesma resposta com o duplo “eu”. A natureza humana sempre procura se preservar.

Podemos ver que logo em seguida ele começa a experimentar alguns sinais sobrenaturais, visíveis.

Em realidade como nos impressionamos com o visível! No entanto é pelo invisível que temos que nos mover, pela fé, como vendo o invisível.

Ora a fé é a substância das coisas esperadas, a prova das coisas não vistas. Heb.11:1


Tanto o vento que despedaça penhas, como o terremoto e o fogo revelaram naquela situação que o Senhor não estava neles.

Será que somente quando há prova do poder miraculoso de Deus, podemos confiar Nele?

Haverá momentos que Ele vai tirar de nós os nossos brinquedos e os pirulitos, para podermos aprender a confiar tão somente Nele pelo que Ele é, e não pelo que Ele faz.

Nem tudo aquilo que esteja diante dos nossos olhos, ou até mesmo algum acontecimento, pode ser atribuído como sendo de Deus.

Não quero dizer com isso que o Senhor esteja alheio aos acontecimentos.

Muitos naquele dia se apresentarão ao Senhor reivindicando tais acontecimentos; como aqueles que o Senhor menciona no sermão do monte.

Naquele dia muitos hão de dizer-me: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?

Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, os que praticais iniquidade. Mat. 7: 22-23

Aqui vemos que quando o Senhor menciona a palavra “conheci”: esta palavra  no grego se for transliterada, indica uma condição de intimidade (marido e mulher), ou seja, que eles nunca tiveram um relacionamento íntimo com o Senhor.

E a palavra “iniquidade” está relacionada com aquela pessoa que despreza a voz do Senhor, uma pessoa obstinada, que não ouve ninguém.

Também podemos dar atenção à situação de Jó diante das provas e de quando satanás assume seu papel, como instrumento de Deus para tratar com Jó.

Disse Jeová a Satanás: Eis que tudo o que ele tem está no teu poder; somente contra ele não estendas a tua mão. Saiu Satanás da presença de Jeová.

Estando este ainda falando, veio também outro e disse: Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os servos, e os consumiu; e só eu escapei para te trazer a nova. Job.12,16

Que comentário tão significativo dos servos de Jó que atribuem ao fogo que cai do céu como sendo de Deus.

porque se hão de levantar falsos cristos e falsos profetas, e mostrarão tais sinais e milagres que, se fora possível, enganariam até os escolhidos. Mat.24:24

No entanto em uma voz mansa e suave Elias ouviu o Senhor, e mais uma vez a mesma pergunta: Que fazes aqui Elias? E a mesma resposta retorna com o duplo “eu”.

Em uma voz mansa e suave. A mesma voz que nos chamou para a salvação; a mesma que chamou Zaqueu, a mesma que falou a Maria Madalena após a Sua ressurreição, e a mesma que com tanta paciência e amor tem nos chamado constantemente para sairmos das nossas cavernas, e encararmos a realidade com Ele e Nele. Suavemente Cristo entrou em nosso coração. Ele fez habitação conosco, pois o Seu nome é  “Emanuel” - Deus conosco.

O Senhor não responde a Elias aos seus argumentos de fuga e medo, no entanto Ele manda: “Elias volte pelo teu caminho, unge a Hazael para ser rei sobre a Síria, e a Jeú como rei de Israel”... Agora um pedido que marca profundamente o ministério de Elias: “... a Eliseu ungirás como profeta em teu lugar”.

Somente depois dessa palavra o Senhor responde a Elias quanto às indagações de um profeta solitário, o Elias da resposta do duplo “eu”, que Ele, o Senhor reservaria 7.000 joelhos que não se dobrariam a Baal.

Tiago escreve em sua epístola que Elias era homem sujeito as mesmas paixões que nós.

Aquele que muito lhe é dado muito lhe será cobrado. Que o Senhor tenha misericórdia de nós!


A GRANDE LIÇÃO DE DEUS PARA NÓS


A lição que o Senhor deseja que aprendamos em nossa caminhada frente às dificuldades que se apresentam diante dos nossos olhos, é que ainda com os momentos de “lugar florido - “Carmelo”,  também teremos momentos de  lugar seco - “Horebe”.

O Senhor quer nos ensinar que Ele é o Deus do lugar florido, o Deus do sobrenatural, dos sinais e milagres, mas também Ele é o Deus do lugar seco, que tem o controle de tudo em Suas mãos, e que atua também com uma voz mansa e delicada.

O Deus que faz acontecer no Carmelo é o mesmo Deus que faz acontecer no Horebe.

Ele não muda, Ele é imutável.

Que possamos reconhecer que há momentos de Carmelo, entretanto haverá momentos também de Horebe para que possamos aprender a confiar Nele em todas as circunstâncias, sejam alegres ou tristes, seja de bonança ou tempestade, Ele é Senhor.

E que nas crises do nosso ego, saibamos que existem muito mais do que 7.000 joelhos que não se dobrarão diante de Baal.

Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte. Apo.12:11

“Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida..., O que vencer de modo algum sofrerá o dano da segunda morte.” Apo. 2: 10-11

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