quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A ESÊNCIA DO DESPREZO

A ESÊNCIA DO DESPREZO


Hoje quero falar um pouco sobre o “desprezo”
Desprezo é um intenso sentimento de desrespeito e antipatia.
Sentimento este podre por sua própria essência
É semelhante ao ódio, mas implica um sentimento de superioridade.

Superioridade cega, alimentada pelo veneno, pelo fel, pela amargura
Onde a pessoa desprezada  só tem uma consideração, a de “indigna”
Sua base quase sempre é na convicção da inutilidade das pessoas afetadas ou suas instituições
Ele surge a partir da “avaliação” de outra pessoa como inferior


Seu grande impacto é uma desvalorização persistente, fria e cruel
O valor do outro acaba, a estima e a atenção tem o seu fim
Sentimento pelo qual nos colocamos acima do temor e do desejo
Ele paralisa, castra e arranca sem piedade valores tão preciosos
A palavra, a atitude, o amor que agora menospreza e magoa

E o pior deles, o silencio, que arranca a nossa alma sorrateiramente
Talvez seja para economizar ódio, como diz Jules Renard
“O desprezo é a forma mais subtil de se vingar” Baltazar G. Morales
Jean Moliére diz que o desprezo é uma pílula, que se pode engolir, mas que se não pode mastigar sem fazer caretas


Muitos conseguem suportar a dor, a adversidade, mas poucos podem tolerar o desprezo

O não desprezar é inicio da consciência das necessidades dos outros, da sua própria necessidade.
Pois é nos pequenos desprezos seja das pessoas ou das coisas que se faz necessário a aprendizagem sobre as verdadeiras faltas da vida
Luiz Fernando Veríssimo nos ensina que nunca devemos virar a cara para os nossos acusadores, embora eles mereçam desprezo, devemos sim enfrentá-los com um olhar límpido e com um leve sorriso no canto da boca


Termino citando um lindo soneto de William Shakespeare

SONETO LXXXVIII

Quando me tratas mau e, desprezado,
Sinto que o meu valor vês com desdém,
Lutando contra mim, fico a teu lado
E, inda perjuro, provo que és um bem.

Conhecendo melhor meus próprios erros,
A te apoiar te ponho a par da história
De ocultas faltas, onde estou enfermo;
Então, ao me perder, tens toda a glória.
Mas lucro também tiro desse ofício:

Curvando sobre ti amor tamanho,
Mal que me faço me traz benefício,
Pois o que ganhas duas vezes ganho.
Assim é o meu amor e a ti o reporto:
Por ti todas as culpas eu suporto.

wagner Salles - novembro de 2011

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