Os ais e consolações - a busca humana por consolo.
Lucas 6:24 a 26
(24) Mas ai de vós, ricos! porque já tendes a vossa consolação. (25) Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides, porque vos lamentareis e chorareis. (26) Ai de vós quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas
Jesus era muito versátil na forma de se comunicar com as pessoas. Ele usava discursos públicos, como fez no sermão do monte; contava pequenas histórias de fatos do dia-a-dia, como a história do fazendeiro que juntou riquezas para si e perguntas confrontadoras e arriscadas como “Quem dizem os homens que eu sou ?”.
No trecho que lemos, Jesus se utilizou de uma forma de expressão muito comum nos profetas do Velho Testamento:
Os Ais.
Esse formato literário foi usado pelo menos 20 vezes, no A. T., por 8 profetas diferentes: Isaías, Jeremias, Amós, Miquéias, Naum, Habacuque e Zacarias.
Na Bíblia, os ais são interjeições de advertência e lamento pelo pecado de pessoas e mesmo de nações inteiras:
Isaías, no verso 8 do capítulo 5 diz:
“Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores da terra.”
“Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores da terra.”
Em Jeremias 22:13 o profeta diz:
“Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito; que se vale do serviço do seu próximo sem paga e não lhe dá salário.”
“Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito; que se vale do serviço do seu próximo sem paga e não lhe dá salário.”
O profeta Naum (3:1) também se utilizou dos Ais. Ele disse:
“Ai da cidade sanguinária, toda cheia de mentiras e de roubo, e que não solta sua presa”
“Ai da cidade sanguinária, toda cheia de mentiras e de roubo, e que não solta sua presa”
No texto registrado pelo médico Lucas, Jesus pronunciou quatro Ais:
1. “Ai dos ricos”,
2. “Ai dos que estão fartos”,
3. “Ai dos que riem” e
4. “Ai daqueles que são aprovados por todos”
Ai de vós, ricos, por que já tendes a vossa consolação.
Nesse lamento de advertência Jesus fala para aqueles que têm bens e posses.
Uma palavra me chamou a atenção como se estivesse iluminada com holofotes: CONSOLAÇÃO.
– Consolação – explica o motivo da sua advertência aos ricos. É como se ele dissesse: Lamento muito por vocês que são ricos e que têm encontrado nas riquezas o consolo de suas vidas.
A grande indagação diante do lamento de Jesus foi: Será que nós precisamos de consolo? Será que os ricos sobre quem Jesus falou estavam errados em buscar consolo.
Na verdade parece até estranho falar de buscar consolo no atual cenário vivido pela Igreja Cristã, sobretudo pela Igreja Evangélica. Afinal os profetas do sucesso estão nos programas de TV anunciando que crente fiel não sofre, não adoece, não fica triste, não perde o emprego (até porque os crentes fieis são todos patrões) e não passa por qualquer outra dificuldade.
Basta apertar a campanhia e o Deus-garçon vem atender seus pedidos.
Na verdade todos somos submetido a tantos sofrimentos, são tantas as dificuldades que enfrentamos e estamos tão aquém do ideal de Deus para nós, que todos, sem exceção, precisamos ser consolados.
Aqueles que acham que não precisam de consolo, os durões, são os que mais precisam.
Sabe aquelas situações em que um fala em uma língua e a outra pessoal fala outra língua totalmente diferente; situações em que você tenta ajudar mas acaba por machucar o outro;
Ou quando você pensa estar fazendo uma boa ação mas não é compreendido pelo alvo do seu amor. O interessante é que muitas vezes isso acontece com aqueles que mais amamos. Precisamos de muito consolo nessas situações.
Quando a vida perde o sentido, precisamos de consolo.
Meus irmãos, não é muito difícil perder o amor pela vida.
Meus irmãos, não é muito difícil perder o amor pela vida.
Basta olhar para nossas limitações, nossos medos, nossas frustrações, nossos anseios e nossas dúvidas que a vida pode tornar-se algo sem sentido ou valor. Quando a falta de propósito invade nossa alma é certo que precisamos de consolo.
É legitimo que alguém desconsolado busque consolo.
Não era esse o problema. Jesus, quando repreendeu os ricos com esse primeiro Ai, deixou um alerta não sobre o consolo em si, mas sim sobre ONDE estamos buscando consolo.
Mas por que Jesus faria esse alerta? Porque há consolação que é breve, temporária e esse tipo de consolação não satisfaz as necessidades da alma humana.
Assim, a segunda indagação é: onde você tem buscado consolo para enfrentar as dificuldades da vida?
Naquilo que você possui?
Você pode pensar “Isso é coisa apenas dos ricos sobre os quais Jesus falou”, mas não é não. Nossa sociedade consumista decretou uma lei, vigente em quase todo o mundo: a identidade das pessoas encontra-se naquilo que elas possuem.
Você pode pensar “Isso é coisa apenas dos ricos sobre os quais Jesus falou”, mas não é não. Nossa sociedade consumista decretou uma lei, vigente em quase todo o mundo: a identidade das pessoas encontra-se naquilo que elas possuem.
É sob essa lei que você vive, desejando possuir algum bem que lhe tornará especial e trará consolo para sua alma? Onde você tem buscado consolo para sua vida?
continua 2
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