A LIBERDADE DE SERVOS DO AMOR
Por: Glenio Fonseca Paranaguá
Amor induzido é amor conduzido, é amor reduzido, é amor abatido. Não há uma expressão mais sem sentido de amor, do que esse que depende do cabresto.
Eu não posso apenas como dever, amar alguém por que alguém me ama. Eu tenho que amar porque o amor que me ama me despertou a amá-lo francamente. Se o ato de amar não for livre, com certeza não será uma demonstração verdadeira do verdadeiro amor.
Ninguém é livre se faz o que faz por dever, interesse ou por troca. Se eu for obrigado a corresponder não sou um ser livre, sou apenas um item no jogo da contrapartida. Não consigo entender o amor como uma obrigação. Eu não sou forçado a amar alguém somente por que ele me ama. Eu não posso ser coagido no âmbito do amor.
Na verdade, não existe amor constrangido ou acuado. Eu não amo a Deus tão somente porque ele me ama. Eu o amo porque ele é amor e o seu amor amável me fez amá-lo como uma expressão livre de amor sem coação e sem cobrança.
Liberdade imposta não é liberdade, mas também não existe liberdade sem limites. Eu não sou livre para fazer tudo o que quiser fazer. Eu só sou livre para fazer com liberdade aquilo que ao fazer não infrinja na liberdade dos outros nem conteste a licitude das leis espirituais reveladas na criação de Deus.
Paulo fez uma declaração extremamente acentuada. Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. 1 Coríntios 6:12. Ele fala da legitimidade abrangente que lhe permite uma prática sem restrições e esbarra na conveniência.
Para ele tudo é visivelmente legal, mas nem tudo é deveras apropriado. A ética tem sua fronteira. Se eu for uma pessoa realmente livre nunca poderei usar da minha liberdade para me tornar escravo daquilo que desfigura o caráter dos outros ou denigre a glória de Deus.
Richard Sibbes disse que "o cristão é o homem mais livre do mundo... contudo, em relação ao amor, ele é o maior servo". Compatibilizar livre-arbítrio com serviço imperativo é o grande desafio da vida cristã autêntica, pois a liberdade do amor é sempre responsável.
Ninguém ama violentado, mas a licença do amor cristão não dispensa o cumprimento do dever moral. Você e eu somos livres para amar e a nossa alforria nos torna de fato escravos duma missão.
Desobrigados das formalidades legalistas nos obrigamos a servir aos outros, como livres da lei, porém servos do amor.
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